PARE!
E confira os cuidados para manter em ordem
os freios de seu carro
Quando você verificou pela última vez o estado das pastilhas e lonas de freio? E o fluido, lembra-se de quando trocou – se é que já o trocou?Freios são um assunto sério. A potência do sistema encarregado de parar o carro é sempre muito superior à do motor que o movimenta. Mas manter seu bom funcionamento exige cuidados no uso (veja o boxe) e na manutenção. O primeiro mandamento: com freios não se improvisa. Use peças originais ou de qualidade comprovada e não hesite em substituir componentes que apresentem ou estejam em vias de apresentar problema.Os freios dos automóveis utilizam dois sistemas: a disco e a tambor. No primeiro, empregado nas rodas dianteiras de todos os carros atuais e nas traseiras de vários deles, pastilhas (que não giram) comprimem o disco, que é ligado ao eixo e acompanha o movimento das rodas. No freio a tambor, as lonas internas se afastam para provocar atrito com o tambor ou panela. A grande vantagem do sistema a disco está na maior dissipação de calor, pois os componentes estão expostos ao ar que passa pelas rodas. A recuperação do freio após atravessar um trecho alagado também é mais rápida pelo mesmo motivo. Menor peso e facilidade de substituição das pastilhas são outros benefícios.
ATENÇÃO AO FLUIDO Uma falha total dos freios é difícil hoje, em que todo carro utiliza dois circuitos independentes. Entretanto, um erro muito comum pode deixá-lo em apuros: o de não substituir periodicamente o fluido. Responsável por transmitir a pressão que faz acionar as lonas e pastilhas contra os tambores e discos, ele só é lembrado por muitos numa descida de serra, quando o uso intenso pode até deixar o carro sem freios. Mas por que isso acontece?O sistema de freios trabalha em alta temperatura, que um fluido novo suporta com segurança. Como o fluido é higroscópico, vai absorvendo aos poucos a umidade do ar e baixando o ponto de ebulição (fervura). Num momento de maior solicitação, atinge uma temperatura crítica e surgem bolhas de ar – que, ao contrário do fluido, podem ser comprimidas – ou até mesmo o fluido ferve. O resultado varia da perda de boa parte da pressão até a falha completa do freio.Para evitar isso, substitua todo o fluido uma vez ao ano - não importa a quilometragem percorrida no período. Ao lavar o motor, cubra com um plástico o reservatório de fluido para evitar a infiltração de água pelo respiro da tampa. O líquido tem outras funções, como lubrificar e proteger da corrosão componentes metálicos, como molas e êmbolos, e de borracha, como as de vedação e os tubos flexíveis. É mais um motivo para se exigir o uso de marca reconhecida e de uma embalagem lacrada: um fluido guardado pode não mais conservar suas propriedades originais.
Verificar a espessura das pastilhas (foto) e lonas é um dos cuidados mais freqüentes e importantes: se o material de atrito acabar, além da perda de eficiência dos freios, pode-se condenar os discos e tambores
É normal uma pequena queda do nível de fluido pelo desgaste das pastilhas. Ao completá-lo, evite ultrapassar a marca "máximo", o que pode fazê-lo transbordar com a dilatação do sistema. Uma perda mais acentuada de fluido, contudo, pode indicar vazamento. Quando ocorre é comum que o curso do pedal aumente e o freio fique "elástico". Mas isso pode indicar também que os tubos flexíveis não mais suportam a pressão e devem ser substituídos.Outra providência importante é verificar a espessura do material de atrito – as pastilhas, no freio a disco, e as lonas, no sistema a tambor. Nunca o deixe acabar, sob pena de riscar e até inutilizar os discos ou tambores, desleixo que representa despesa bem mais alta.Por suportar a maior parte do peso do carro nas freadas, o sistema dianteiro desgasta-se mais rápido e requer manutenção mais freqüente. A espessura das pastilhas deve ser verificada a cada 10.000 km em média, conforme o uso predominante do carro – na estrada, exceto em serras, o consumo de freios é menor. É uma operação simples e rápida. Troque-as quando atingirem a espessura mínima de 2 mm. Vale lembrar que a substituição precoce não traz vantagem: uma boa pastilha usada freia tão bem como uma nova. Após a troca, evite freadas fortes nos primeiros 500 quilômetros. Durante o assentamento os freios não têm total eficiência – além disso, você poderia danificar as pastilhas.O desgaste dos freios traseiros, seja a disco ou a tambor, é bem menor. Recomenda-se uma revisão a cada 20.000 km, ou antes se não houver ajuste automático de folga das lonas. Caso não haja, a atuação dos freios traseiros vai-se reduzindo, o que compromete a eficiência do conjunto e sobrecarrega os dianteiros. Mantenha regulado o freio de estacionamento para poder usá-lo também nas saídas em ladeira.
RETIFICAR? NEM SEMPRE
Ao contrário do que pregam alguns mecânicos, você não precisa retificar discos e tambores sempre que trocar as pastilhas e lonas. Uma pastilha nova assenta-se rapidamente a um disco com pequenos riscos, e só se deve retificá-lo se estiver empenado ou apresentar sulcos profundos. Caso sua espessura esteja abaixo da especificação é preciso substituí-lo, sob risco de vê-lo novamente empenado em pouco tempo. E um disco empenado causa vibrações que podem até dificultar o controle em emergências.
A câmara de vácuo ou servo-freio reduz a pressão necessária no pedal, multiplicando a atuação dos freios; o fluido deve ser substituído uma vez por ano -- não importa o quanto se rodou no período
Também não é necessário limar as bordas das novas pastilhas, temendo atrito com o degrau que se forma na borda dos discos: este só surgiu porque a pastilha anterior não tinha esse contato, de modo que a nova também não terá. Limá-las só diminui a superfície de atrito e a capacidade dos freios. Quanto aos tambores, devem ser retificados se apresentarem ovalização (em geral por causa de um resfriamento abrupto) ou riscos profundos (provocados pelo atrito com o patim de metal das lonas quando estas acabam). Como os discos, possuem uma espessura mínima: atingida, opte por substituí-los, sempre aos pares.Um chiado ao frear pode advir de uma simples entrada de poeira ou do desgaste total das lonas ou pastilhas. Material de atrito de baixa qualidade, que absorva a umidade do ar, ou duro demais também causa chiados. Lonas e pastilhas podem ainda estar vitrificadas, o que se resolve lixando-as. Já um pedal muito pesado pode significar danos à câmara de vácuo (servo-freio), pastilhas ou lonas muito duras (que vão desgastar os discos ou tambores) ou emperramentos nos cilindros.E se o carro puxa para os lados quando é freado? É possível uma obstrução dos cilindros ou flexíveis, mas só uma verificação completa dos freios, suspensão, pneus e alinhamento pode apontar a verdadeira causa e restabelecer sua segurança, que vem em primeiro lugar.
SABENDO USAR ELES DURAM MAIS Eis alguns cuidados que podem aumentar sua segurança e prolongar a vida útil dos freios de seu carro:- Freie sempre que possível com suavidade, dosando a força no pedal. Freadas bruscas aumentam o desgaste dos freios e pneus e podem travar as rodas, o que aumenta o espaço necessário para parar o veículo.- Entre nas curvas em velocidade compatível. Frear dentro da curva é possível, mas requer sensibilidade. Pise com moderação e alivie a pressão se sentir travamento de roda.- Use numa descida a mesma marcha que usaria para subi-la. Isso poupa os freios. Jamais coloque o câmbio em ponto-morto (a popular "banguela"): o desgaste dos freios e o risco à sua segurança e à dos outros não compensam a mínima economia de combustível.- Não desligue o motor com o carro ainda em movimento. A câmara de vácuo (servo-freio) deixará de atuar, o que torna o pedal bastante pesado. Este é, a propósito, outro risco da "banguela": o motor pode morrer e você precisar frear antes de conseguir religá-lo.- O nome já diz: freio de estacionamento serve apenas para manter o carro imóvel quando estacionado. Evite aplicá-lo em movimento, o que pode bloquear as rodas traseiras e causar um "cavalo-de-pau".- A presença do sistema antitravamento ABS não significa que você deve frear ao máximo sem necessidade. Além do desgaste do conjunto, isso pode levar a uma colisão traseira se o veículo de trás não conseguir frear com a mesma eficiência que o seu.- Seguindo estes cuidados é improvável que você fique sem freios. Se acontecer, porém, segure o carro através da redução de marchas e puxe o freio de estacionamento com suavidade, mantendo o botão apertado. "Bombar" o pedal permitirá saber quando o sistema recuperar a eficiência.
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